[:pb]Sobre conectividade, 17 anos depois[:]

[:pb]Pense em uma habilidade que você tenha adquirido, aperfeiçoado ou até mesmo perdido, nos últimos 17 anos. Muita coisa aconteceu nesse intervalo, certo? Imagine, agora, se você tivesse adquirido habilidades destinadas a certa profissão, e que só viesse a trabalhar oficialmente na área 17 anos depois dessa formação inicial. Em 2000, comecei a graduação em RP; em 2017, comecei a trabalhar com RP.

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Dentre outros desafios instigantes aqui, na agência, deparei com o mundo dos serviços de infraestrutura de rede para telecomunicações, área em que um de nossos clientes atua. A possibilidade de integrar, com a mais alta velocidade e para fins cotidianos, os mais diferentes softwares, é um eixo central da Internet das coisas (IoT) que, com a Inteligência Artificial (IA), promete conectividade enriquecida e ilimitada para nossas vidas.

Antes de procurar mais informações sobre o assunto, fui tomada pelo medo de vir a ser substituída por um(a) assistente digital, nesse momento em que acabo de assumir a função de assistente de Atendimento (em off: meu cliente lançou um assistente digital, por ora voltado para telecomunicações =P ). Além de reconhecer um rosto em uma foto, recomendar filmes para determinado perfil, transmitir dados sobre a manutenção do carro ao mecânico, classificar como spam um email sem que o usuário precise fazê-lo manualmente, não é isso que a IA promove? Liberar, o máximo possível, o trabalhador de/das tarefas e funções que não estejam imediatamente relacionadas às decisões estratégicas?

Sim e não. Durante uma sessão de perguntas e respostas sobre a formação e o impacto da Inteligência Artificial (IA) em nossos tempos, Andrew Ng, professor de Stanford, pesquisador da Baidu e cofundador da plataforma de aprendizado online Coursera, foi claro: “Não fico preocupado com a falta de oportunidades […] ainda há muita coisa que os humanos podem fazer que nenhuma máquina consegue, hoje e no futuro. O que me preocupa é a necessidade de treinar novamente as pessoas.”

Para o cientista britânico, a IA tem a responsabilidade de criar instrumentos para que as pessoas adquiram novas habilidades – proposta, por exemplo, dos cursos massivos, online e abertos, os MOOCs –, em um cenário de desemprego decorrente da automação em profissões exercidas por humanos, como dirigir. Mais ainda e concordando com Andrew, a sociedade precisa oferecer renda e tempo para a aprendizagem, período que ocupará cada vez mais constantemente a jornada de trabalho e que, atualmente, é encarado como um tempo exterior ao “trabalho em si”.

Pesquisando um pouco, já percebi que somos bem diferentes, o(a) assistente digital e eu: nossa ciência ainda não entende plenamente o processo fisiológico de aprendizado humano e faço parte de uma espécie que evolui na natureza há milhares de anos; o(a) novo(a) assistente é uma rede criada por humanos que molda ações com base em dados, dentro da estatística inferencial. Em uma coisa me parece que … nos parecemos: conseguimos, cada um à sua maneira, estabelecer conexões.

Acredito que, idealmente, nosso papel na Comunicação deva contribuir para reduzir a exclusão que usos sociais das tecnologias geram. Para ficar em mais um exemplo britânico, além de Andrew Ng, desta vez na ficção, no filme ‘Eu, Daniel Blake’, de Ken Loach, vemos a trágica perda da dignidade em pessoas que, além de sofrerem o descarte de suas preciosas habilidades, não tiveram acesso ao desenvolvimento de outras “novas”. Tudo é sempre uma ruptura, um descarte constante? Em um mundo que muda a todo momento, a habilidade de costurar nossas diferentes experiências, como as profissionais, nos dá de presente nossa própria história, e é essa consciência que nos coloca em condições de olhar para o futuro com empoderamento.

Que papel construtivo pode ter a Comunicação nesse processo? Sem prolongar demais a reflexão, vejo, 17 anos depois, que o desenvolvimento constante da habilidade de estabelecer conexões pertinentes, como quando propomos ações de relacionamento direcionadas a públicos bem delimitados, é um trunfo nosso, de nosso faro milenar para conectar.

Referências:
Filme Eu, Daniel Blake (I, Daniel Blake), de Ken Loach (2017)
Posts e traduções no blog Import Linguistics, do pesquisador em Linguística Computacional Bruno Guide (Departamento de Linguística, Universidade de São Paulo).
Tradução – 5 perguntas para Andrew Ng
Quando o computador aprende: o que é machine learning?
https://computerworld.com.br/inteligencia-artificial-da-internet-das-coisas
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