Não me venham com este papo de transformação digital. Perdão, Antonio Salvador e Daniel Castanho , exímios professores que conduziram um curso recente, na StartSe, sobre este assunto.
Até uma semana atrás, eu falava em transformação organizacional, mas hoje vejo que estamos no meio da maior transformação social que passa, seguramente, por uma transformação individual.
Ontem, Felipe Malta Lefevre, empresário dura e cruelmente impactado pelo atual cenário, refletia sobre como deveria explicar à filha de quatro anos, a quem sempre ensinou a cumprimentar, abraçar e beijar pessoas, que agora não era mais para fazer isso. E como será quando voltar a ser possível retomar esse hábito. Será que as pessoas ainda buscarão afeto nos abraços?
Há muito a se pensar. Como manteremos nosso calor latino, sem abraços e nem beijos? Toques de cotovelo ou nos pés terão o mesmo efeito? Suprirão nossas necessidades afetivas?
Qual o papel das empresas neste contexto maluco? Grande parte das equipes começa a atuar remotamente e não será por um curto período. Em seus home offices, as pessoas passarão a conviver durante muitas horas diárias com filhos, companheiros e cônjuges. Com o tempo, como ficarão essas relações? E a sensação de estar privado da convivência social? Do cafezinho nos corredores das empresas, dos happy hours com a turma e da pizza na companhia de familiares idosos? Como reagiremos a tudo isso?
Agora é o momento das empresas colocarem em prática seus valores. Quantas não afirmam que “pessoas” são seus valores e nunca entenderam que remunerá-las dignamente nunca foi atestado de valores na veia.
Qual seria a solução para isso? Criar redes virtuais de presença. Nesse aspecto, a transformação digital é essencial (ponto positivo para os professores!) e são várias empresas que tornaram suas ferramentas acessíveis para isso. Promover trocas de ideias, momentos de happy hour com cada um na sua casa, fazer comemorações remotas, estimular as equipes a apresentaram seus novos “colegas de trabalho”, que podem ser pessoas, bichos, plantas ou quadros…. E, como bem organizou aqui na LVBA a pequena-grande Nathalie Campoy, uma playlist colaborativa no Spotfy. Vale deixar a criatividade voar, tendo como objetivo suprir as relações pessoais.
A cada dia tenho mais certeza de que o mundo é “de gente pra gente” e gente será sempre analógica e vai sempre precisar de afeto, seja no abraço ou com o suporte de tecnologia. Só não podemos pensar que equipes remotas são robôs cumpridores de prazos e em permanente controle para que não confundam home office com day off.