Há poucas horas, Donald Trump ganhou as eleições nos Estados Unidos e, ironicamente, hoje comemoramos os 27 anos do início da queda do muro de Berlim . Ainda estou surpresa com esta vitória e buscando entender o que levou a ela. Certamente, ainda hoje, devem ser produzidos muitos estudos e análises tentando explicar o fenômeno – alguns sérios e bem embasados e outros vindos dos palpiteiros de plantão. Mais uma vez, nos vemos diante de erros nas pesquisas, o mesmo que aconteceu no Brasil há poucas semanas.
O que está por trás de tudo isso? E na busca por respostas, encontro um precioso insight, vindo pelo vídeo do filosofo Luiz Felipe Pondé postado nesta manhã. O autor faz uma severa autocritica quando explica que a classe intelectual deixou de debater o mundo real e não olha para a realidade. “As pessoas reais não estão nem ai para as discussões de classe, gênero e raça” e, segundo Pondé, o que as preocupam são as coisas mais triviais do cotidiano, como pagar a escola, fazer o jantar, viajar nas férias e saber quando vão transar. E ai ele mesmo dá a resposta à grande dúvida que hoje povoou a cabeça de parte deste planeta maluco: por que Trump? Trump falou com essas pessoas.
Isso me remeteu, de imediato, a uma música de 1968, dos Mutantes. Panis Et Circenses repete uma frase de forma quase perturbadora: “mas as pessoas da sala de jantar são ocupadas em nascer e morrer”. O mundo lá fora pode ser lindo, feio, agressivo ou absurdo. Mas as pessoas são (o verbo é ser, o que dá o sentido da permanência) preocupadas com o banal, o prosaico, a vida real.
E a comunicação corporativa, será que ela está olhando para essas pessoas? Que pessoas são essas? Ao que tudo indica, pessoas que não expressam suas verdades e sentimentos em pesquisas. Pessoas que elegem quem não tem tradição política para suceder um político admirado (pelo menos, é o que as pesquisas dizem). Como engajar as pessoas com os valores da empresa se elas estão preocupadas em nascer e morrer? Será que não são essas pessoas que devem ser provocadas a trazer soluções e propostas para o que a empresa acredita que deve ser comunicado? Será que já não passou a hora de reiventar essa comunicação que ainda acredita que exista emissor e receptor? Pior, será que não é hora de acreditar que a área de comunicação controla a emissão de mensagens? Será que não está na hora de transformar a comunicação corporativa em provocadora e com isso dar à área um espaço bem mais estratégico?
Quer transformar a comunicação interna de sua empresa? Pergunte-me como. Fabio Betti, consultor de negócios e sócio do Corall, é parceiro da LVBA quando o assunto é Comunicação 3.0, a comunicação que engaja pois é feita tendo como matéria prima os próprios colaboradores. Leia seu artigo para entender um pouco sobre o assunto e não hesite em nos chamar para um bate papo. Nosso “produto” foi construído de forma colaborativa, com pitacos de 20 executivos de comunicação. Suas angústias podem nos ajudar e podemos também ajuda-lo. Assim é o mundo hoje.
Mundo? Que mundo é esse? Não tenho e ninguém tem respostas. Sabemos, no entanto, que é um mundo onde não cabem mais discursos assépticos. As velhas formas não atingem mais as pessoas que estão, ao mesmo tempo, complexas e simples.