Não há ninguém que deixe de se sensibilizar por pelo menos uma causa. As motivações variam: podem ser por um histórico pessoal ou familiar, afinidade emocional ou algum fator racional ligado ao futuro ou ao presente.
Citei “emoção” e “razão” como se fossem motivadores exclusivos em situações diferentes, mas talvez aqui resida a essência do sucesso dos bons projetos de comunicação de causa, ou cause marketing – as causas têm o potencial de estimular o emocional e o racional das pessoas quase simultaneamente.
O primeiro contato que se tem com um estímulo bem elaborado de uma ação de causa deve tocar nosso emocional, seja com sensações positivas – alegria, esperança, paz -, seja com sensação negativas – medo, revolta, angústia. Se não tivermos essa reação, a causa não nos impactou. E isso é muito comum e devemos ter em mente que, quando se planeja ações dessa modalidade, a segmentação de público extravasa os perfis demográficos e sociais, permeando características comportamentais e psicológicas.
A ativação pelo emocional é o primeiro passo e normalmente mais eficiente para gerar curiosidade, sensibilização e compartilhamentos espontâneos. Porém, os efeitos das emoções são passageiros.
Com a atenção voltada para a comunicação devido às emoções ativadas, é hora de trazer informações, usando o lado racional da questão. Somente com isso é possível gerar esclarecimento e conscientização sobre o tema.
Mas, por mais contraditório que pareça, o racional isoladamente tende a perder força no longo prazo. Isso se deve pelo volume de informações que chegam a todos diariamente, roubando as atenções e um espaço importante na memória das pessoas. Com isso, as ativações emocionais cumprem um importante papel de trazer à mente novamente o assunto, sem com isso, deixar de lado as informações já assimiladas e opiniões assumidas.
Temos, então, uma equação: curiosidade e sensibilização + esclarecimento e conscientização = mudanças. Mudanças de ideias, comportamentos, posturas e, enfim, mudanças sociais.
André Lorenzetti atua em defesa de causas desde a adolescência (políticas, religiosas, pela terceira idade, pela vida, pela infância e adolescência, pelo esporte como transformador social) e, portanto, escrever sobre o assunto é um processo natural e legítimo. É defensor da liberdade de ideias, mesmo que discorde delas.