Na última semana, o CEO da Tesla, empresa de carros elétricos, anunciou o fim do departamento de Relações Públicas, alegando não precisar mais se relacionar com a imprensa. Com isso, a montadora passa comunicar-se por meio de suas mídias sociais e do próprio Elon Musk , que somente no Twitter, somam 45 milhões de seguidores. Este modelo soa familiar, quando pensamos em líderes políticos que criaram barreiras com a imprensa por medo de repercussões negativas. Mas será que, assim, estão de fato protegendo-se de publicações contrárias ao que defendem e acreditam?
A importância de uma equipe de relações públicas, principalmente para uma empresa de alta inovação e influência como a Tesla, é inegável. Este conceito vai muito além de imprensa. Trata-se de um relacionamento de comunicação com todos os steakholders, cada um com sua linguagem específica, visando a construção e a manutenção da reputação. Jornalistas são key opinion leaders. Boas matérias jornalísticas apresentam o contraditório que é essencial para a formação de ideias e conceitos. Desprezar o valor da imprensa é um sinal de falta de transparência e, obviamente, arrogância.
E, quanto mais analisamos crises corporativas, mais vemos que a arrogância é sempre um dos principais gatilhos para elas. “Isso jamais acontecerá com a nossa marca”, é quase um mantra dos executivos que se tornaram protagonistas das grandes crises. Aliás, como será a gestão de crises na Tesla sem seus profissionais de PR?
Entretanto, especificamente o relacionamento com a imprensa, dá à empresa o poder de uma comunicação mais humana e efetiva. Em mídias sociais, as informações publicadas, ainda que possam ser consideradas oficiais, estão abertas à interpretação e podem também ser usadas de forma positiva ou negativa, com a livre interpretação de veículos que não terão acesso a um departamento de relacionamento oficial da empresa à disposição para esclarecer possíveis dúvidas.
Ainda é cedo para mensurarmos os prejuízos que esta decisão pode trazer à reputação da Tesla, mas pelos nossos quase 45 anos neste mercado, a experiência mostra que fechar portas de comunicação e deixar de ouvir opiniões diferentes da sua são ações contrárias ao processo de inovação. Isso pode ser fatal à um negócio. Afinal, como mostra esta matéria publicada pelo PR Daily, “… o profissional de RP que pode oferecer toda a amplitude de sabedoria e conselhos para sua organização sempre será um ativo crucial para marcas que estão dispostas a investir”.
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