[:pb]O Dicionário de Oxford, ao escolher como palavra do ano de 2016 a expressão pós-verdade, deu-nos uma importante contribuição para entendermos o mundo em que vivemos. Segundo o dicionário britânico, o conceito de pós-verdade é “tudo aquilo que se relaciona ou denota circunstâncias nas quais fatos objetivos têm menos influência em moldar a opinião pública do que apelos à emoção e a crenças pessoais”.
Impossível discordar visto que, com a avalanche de informações geradas pelas novas tecnologias de informação e comunicação, infelizmente, o boato ganhou tamanha força a ponto de influenciar tanto quanto a verdade.
Para entender melhor, pense nas inúmeras notícias falsas que surgem diariamente no seu feed de notícias do Facebook e no WhatsApp e em como elas, por pelo menos alguns momentos, influenciam a sua opinião e a sua forma de pensar. Geralmente são notícias que contrariam as evidências e a sensatez, não podem ser comprovadas, mas que continuam sendo repetidas por todos como verdadeiras.
Exemplos não faltam. Durante a campanha de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos, o boato divulgado nas mídias sociais de que o Papa Francisco apoiava a sua candidatura influenciou tanto quanto as fontes confiáveis que negaram este fato. Descuido ou má-fé de quem propagou a informação, a verdade é que a notícia ajudou a angariar votos de parte da população católica americana para o candidato.
No Brasil não é diferente. Aproveita-se das incertezas e inseguranças da sociedade para gerar uma certa indiferença com a veracidade dos fatos. No início desse ano, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, precisou vir a público negar um alerta emitido pela polícia paulista sobre a possibilidade de um ataque da facção Primeiro Comando da Capital (PCC). Na verdade, o documento era legitimo, mas foi desqualificado por autoridades, por apresentar uma informação que não havia sido apurada de forma correta.
Dessa forma, pode-se perceber claramente que, ao vivenciar a pós-verdade, onde fatos verdadeiros tem menor poder de influenciar a sociedade que acontecimentos que apelam para a emoção, a responsabilidade de quem trabalha com comunicação, assim como daqueles que lidam com a opinião pública de forma geral, é ainda maior. Ao não informar ou informar mal, cria-se oportunidades para a propagação de notícias alarmantes ou falsas.
O profissional de comunicação precisa então ser criterioso com a produção e veiculação de conteúdo dos seus clientes, seja ele um texto, um post em mídia social, um vídeo ou qualquer outra fonte de notícia. A informação adequada e qualificada continua sendo o grande mérito da comunicação eficiente.
E quando, mesmo com todos esses cuidados, o apelo emocional for mais forte que a veracidade dos fatos, os profissionais da área precisam ser rápidos e transparentes a fim de minimizar possíveis crises de imagem. A gestão de crise nunca foi tão evidente e importante na comunicação como nos dias em que vivemos.
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